domingo, 27 de fevereiro de 2011

Dia 06 - 17/02 - Ongamira a Mendoza

No meu plano original, de Ongamira, iríamos para la Rioja, para visitar os Parques de Talampaya e Ishigualasto e ir até a Laguna Brava, uma laguna de altitude com um caminho muito bonito. Em Ongamira, optamos por cortar esta parte da viagem em definitivo. Por um lado, ficaria muito cansativo, pois implicaria em rodar muito mais do que já estavamos andando (algo como uns 1.600Km a mais). Por outro lado, na previsão de tempo, vimos que havia tempestades de verão previstas para aquela região. No verão, é época de chuvas no Noroeste da Argentina. Com isso, pode-se ter rios cheios, que transbordam nas estradas, e, também, deslizamentos de encostas.

Assim, fomos diretamente a Mendoza. Este foi um longo dia. Foram 620Km. No início, a estrada ainda passa pela Província de Córdoba, mas a gente já vê que se trata de uma região mais pobre, com solo bem mais árido.

Como não sabíamos se teríamos lugar para almoçar, trouxemos uns sanduíches e almoçamos debaixo de uma árvore na beira da estrada (devia estar uns 35º).

Depois de entrar em La Rioja, a paisagem vira quase um deserto. A estrada é uma reta sem fim, quase sem movimento. Na entrada da Província de La Rioja, o guarda que estava controlando a estrada nos informou que "no hay limites de velocidad". Ou seja, não tem nada na estrada, muito menos, policiamento

Mesmo assim, tem muito para ver. Mais ou menos na fronteira entre Cordoba e La Rioja há um grande salar (Salinas Grandes) e, depois, já em San Juan, há o Salar de Macasin.

Nesta região, a paisagem fica bem com cara de deserto. Como havia várias tempestades ao longe, várias vezes vimos redemoinhos de vento.

Em San Juan, tem uma região montanhosa bonita, que lembra um pouco a região entre Salta e Cafayate, que visitamos na nossa viagem ao Atacama em 2008.

Outra característica destas estradas de regiões mais desérticas é o que os argentinos chamam de "badenes". Nesta regiões, há muitos rios que estão normalmente secos, mas que, em caso de chuvas fortes, enchem. Como é caro demais construir uma ponte para cada arroiozinho seco, a solução é rebaixar a estrada por alguns metros (a largura do rio) para permitir que a água passe sobre o o leito da estrada. Ou seja, quando há chuva, a gente tem que tomar cuidado.

Neste dia, passamos por vários "badenes" com água. A maioria tinha uma lâmina fina de água, mas um deles, em San Juan, tinha uma camada de uns 30cm de água sobre a estrada. Havia vários veículos parados, um deles aparentemente em pane. Passamos sem maiores problemas.


Ao invés de ficar no centro de Mendoza, optamos por ficar em um subúrbio, chamado Chacras de Coria. Esta região foi primeiramente usada pelos mais abonados de Mendoza para construir casas de veraneio. Com o tempo, estas casas foram se transformando em residências permanentes. O lugar tem um astral muito bom com muitos restaurantes, hotéis e algumas bodegas. Fica há uns 30 minutos do centro. Pelo nosso estilo de turismo, quando podemos, preferimos ficar em hotéis menores, mais para fora dos grandes centros.

Como hospedagem, escolhemos o Parador del Angel. Trata-se de um bed&breakfast de 6 quartos, construído em uma casa de 1907. Os donos, Daniel e Marta moram com os filhos em uma casa nos fundos e estão sempre aí para auxiliar. Marta é artesã e tem seu ateliê dentro da própria pousada.

Quilometragem: 620Km

Dia 05 - 16/02 - Circuito pelas serras

Neste dia fizemos um circuito, recomendado por John, pelas serras ao Sul da estância.

Na saída da estância, a gente passa por umas formações rochosas interessantes, chamadas Cuevas de Ongamira.

Depois de alguns quilômetros de estrada não pavimentada, chega-se a estrada do Valle de Punilla., uma rota turística que inicia em Cordoba e passa por várias pequenas cidades mais dedicadas ao turismo de massas. Passa-se por Capilla del Monte e, em La Cumbre, pega-se a estrada não pavimentada que vai até Ascochinga.


A estrada entre La Cumbre e Ascochinga é a atração do circuito. Passa pela parte mais alta da serra. É outra estrada de rally, esta de uma prova do campeonato mundial.

Paramos para almoçar em Ascochinga e aí descobrimos o que são empanadas "criollas". Eles pegam a tradicional empanda saltenha e dão uma fritada. O estômago lembra a gente durante várias horas que foi um erro comê-las.


De Ascochinga, fomos até a Estância Santa Catalina, uma estância jesuítica, muito bem conservada. Esta em particular é muito bonita, pois fica no meio de uma área rural, sem uma cidade por perto.

Daqui, voltamos para casa. À noite, foi a vez de Kelly ir para a cozinha. Ela nos preparou alguns pratos da cozinha oriental. Aproveitamos para "acabar" com os vinhos que havíamos aberto nas refeições anteriores.

Ongamira superou de longe nossas expectativas. Nossos anfitriões foram maravilhosos. Nos deixaram completamente à vontade, mas, quando necessário, estavam aí para ajudar.

Quilometragem do circuito: 125Km

Dia 04 - 15/02 - Estância Ongamira



Depois de toda quilometragem dos dias anteriores, neste dia decidimos deixar o carro em paz.

De manhã, antes do almoço, fomos dar uma caminhada pela fazenda, aproveitando o tempo magnífico para a algumas fotos.

De meio dia, John nos preparou uma salada, que foi apreciada no avarandado do corredor, com acompanhamento de, é claro, um belo vinho branco.

Ao entardecer, após a sesta, subimos pela estrada até o morro que fica perto da estância. A vista deste morro é espetacular pois se vê toda planície pela qual viemos viajando no dia anterior. Aliás, a estrada, para quem aprecia uma estrada de "ripio" também vale a pena. Cheia de curvas e vistas magníficas. O Rally Paris Dakar deste ano, passou aqui, justo em frente à Estância.

Dia 03 - 14/02 - Santa Fe a Estancia Ongamira

De Santa Fe, fomos diretamente para a Estancia Ongamira, que fica nas serras de Cordoba, uns 120Km ao Norte da cidade.

A viagem foi tranquila. A estrada de Santa Fe até Corodba é uma grande reta. Está sendo duplicada. A medida que nos aproximamos de Cordoba, a estrada foi enchendo de caminhões. Paramos em algumas cidadezinhas no caminho para tirar dinheiro nos caixas automáticos, sem sucesso. A sorte eu que eu havia levado o suficiente em cash para fazer frente às pequenas despesas.


Esta estância foi um achado. Eu havia pesquisado um bocado na Internet e encontrado várias estâncias legais na região, mas todas muito caras, pois incluem cavalos, passeios e outras coisas que não queríamos. Trata-se de uma fazenda produtiva, de mais de 500 hectares, em uma região de serra muito bonita. A fazenda e a pousada são tocadas pela proprietária, Cristina, uma argentina que viveu a maior parte de sua vida no exterior, especialmente na Austrália, juntamente com a filha, Kelly, e o genro John, este cuidando da parte gastronômica. A fazenda se mostrou perfeita para nossos planos. As instalações são de primeira e a comida mais ainda. Logo que chegamos, decidimos estender nossa estadia por mais um dia.

Por coincidência, no mesmo dia, chegou à estância uma família de paulistas, também fazendo um circuito pela Argentina. Não havia outros hóspedes na estância.

À noite, jantamos juntos no restaurante da estância. John preparou uma parrillada, com carne de porco, morsilla, etc.

A sala de refeições é uma atração a parte. As paredes são de uma das primeiras capelas da região, de 1597.


Quilometragem do dia: 460Km

Dia 02 - 13/02 - Uruguaiana a Santa Fe

Nosso primeiro destino na Argentina eram as Serras ao Norte de Córdoba. Mas, como estas ficam a uns 900Km de Uruguaiana, resolvemos quebrar a viagem em dois dias. Da nossa viagem ao Atacama, eu havia aprendido que um bom limite diário é de 600Km. Não é necessário sair muito cedo e dá para chegar ao destino ainda de dia (isto, é claro, se a estrada for reta e asfaltada).

Passamos pela Aduana rapidamente. Tinha uma fila grande de argentinos entrando no Brasil, mas a fila para entrada na Argentina era pequena. A viagem para Santa Fe é tranquila. O limite de velocidade na Argentina é de 110Km/h. Nós respeitamos este limite, mas os argentinos, na maioria andam bem mais rápido. Todo o caminho consta de grandes retas. O primeiro trecho, na Ruta 14, está sendo duplicado. Aqui a paisagem não é muito interessante: cheio de plantações de Eucalipto. Depois, na Ruta 127, diminui muito o movimento, e a paisagem fica bem mais interessante. Até Federal, é uma zona bem desabitada. Depois, começam a aparecer algumas vilas pequenas. Para variar, em alguns postos mais perto da fronteira, estava faltando combustível. Eu já tinha visto a mesma situação em nossa viagem ao Atacama em 2008. Precavido, já havia saído do Brasil com o tanque cheio.

Almoçamos em Federal, em uma Parrilla muito boa. Aqui descobrimos que a Argentina não estava em horário de verão. Descobrimos também, uma constante que nos acompanhou durante a viagem: acesso Wi-Fi gratuito em restaurantes, hotéis e postos de gasolina (e pensar que aqui está cheio de hotéis que cobram R$10-20 de diária de acesso a intenet...).

Em Santa Fe, nos hospedamos em um hotel muito interessante: Los Silos, que fica em uma área de porto que foi transformada em hotel, shopping center e cassino. O Hotel fica dentro dos antigos silos. Nos quartos se nota estar em um silo, pois as paredes são arredondadas.

O Hotel é muito bom, tipo bussiness, meio impessoal, mas com bons quartos e razoavelemente novo. Ao lado há um cassino e mais adiante um shopping center. Neste hotel, encontra-se um dos bons restaurantes de Santa Fe, o Castelar del Puerto. Jantamos um surubi e tomamos uma garrafa de vinho branco...

Quilometragem do dia: 450Km

Dia 01 - 12/02 - Porto Alegre a Uruguaiana

Uruguaiana e Paso de Los Libres
Neste dia, partimos na nossa viagem de férias na Argentina, sem um roteiro bem definido. Tínhamos reservas para os quatro primeiros dias e queríamos visitar ao menos as serras de Córdoba e chegar até Mendoza. O objetivo era fotografar paisagens bonitas, se hospedar em lugares legais e comer (e beber) bem:)

Eu havia montado um roteiro bem ambicioso, incluindo uma passagem por La Rioja (visita aos parques de Ischigualasto e Talampaya e ida a Laguna Brava) e uma extensão de Mendoza para ao Sul, até Las Leñas. Postei o roteiro preliminar em um forum 4x4 da Argentina e o tom geral das respostas foi de que meu roteiro era exagerado para o tempo que havia planejado. Assim, já sai sabendo que teria que fazer cortes. Por outro lado, os argentinos me informaram que nesta época a alta temporada estaria terminando e que não era necessário fazer reservas com antecedência. Ou seja, daria para ajustar o roteiro ao longo da viagem.

A viagem foi tranquila, apesar de ter chovido. A estrada estava cheia de argentinos voltando das férias, já que era um sábado. Devemos ter saído de casa pelas 10:30 e chegamos em Uruguaiana lá pelas 19:00, com as paradas nos lugares tradicionais (Rabelandia de Pantano e Posto na entrada de São Gabriel).

Nos hospedamos no Hotel Presidente, que parece ser o melhor da cidade. Tudo OK: quarto tipo suíte grande, cama, café da manhã e banho todos muito bons.

Roteiro do dia: 635Km